O Congresso Nacional analisa uma proposta que pode mudar completamente a forma como o Brasil combate o crime organizado: equiparar o tráfico de drogas e as facções criminosas ao terrorismo.
Se aprovada, a medida permitiria aplicar penas mais severas, ampliar o uso de instrumentos da Lei Antiterrorismo e autorizar ações diretas da Polícia Federal em casos de domínio territorial e sabotagem a serviços públicos.
Quem defende a mudança argumenta que as grandes facções já agem como grupos terroristas, impondo medo, controlando comunidades, atacando infraestruturas e desafiando a autoridade do Estado.
Para esses defensores, a legislação atual não é suficiente para conter o avanço do poder paralelo — e tratar o crime como terrorismo seria reconhecer a gravidade real da ameaça.
Quem discorda alerta que o terrorismo tem motivações ideológicas ou políticas, enquanto o tráfico é movido por lucro.
Há ainda quem tema riscos jurídicos e diplomáticos, com possível interferência externa e confusão entre esferas de investigação.
Entre o endurecimento da lei e o risco de distorcer conceitos jurídicos, o debate divide opiniões — mas revela um ponto comum: a sensação de que o Estado perdeu o controle sobre o medo imposto por facções que desafiam o poder público.