Consciente da corda bamba em que caminha, o governador Tarcísio de Freitas adota uma estratégia de duplo alinhamento. Para manter sua viabilidade junto à base e sinalizar lealdade pessoal a Bolsonaro, faz concessões calculadas à pauta ideológica.
O movimento mais significativo foi a reafirmação pública da promessa de que, caso eleito presidente em 2026, concederá Graça presidencial a Jair Bolsonaro.A promessa funciona como um “pedágio ideológico” — um sinal de lealdade em troca do aval político do ex-presidente e de sua militância.
Ao mesmo tempo, Tarcísio evita confrontos diretos com o STF. Diferente do tom agressivo de aliados mais radicais, ele busca manter uma postura de respeito institucional, apostando em um discurso de equilíbrio e estabilidade.
Mas o cálculo tem riscos. Pesquisas recentes indicam que a maioria dos brasileiros é contrária a qualquer tipo de anistia ou indulto para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Ao reforçar uma pauta impopular fora do núcleo bolsonarista, Tarcísio corre o risco de consolidar um teto eleitoral que limita seu crescimento entre eleitores de centro e centro-direita.
No fim, o dilema é claro: para seguir viável, Tarcísio precisa demonstrar lealdade sem parecer refém. O desafio será convencer o eleitor de que pode representar uma nova direita pragmática, sem abrir mão da moderação que o mercado e parte do eleitorado valorizam.