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Dream Life in Paris

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O Fracasso de um Filho, a Ascensão do Herdeiro do Sistema

O Epílogo de uma Estratégia Falida: O STF Julga a Coação

O início da análise da denúncia contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em 14 de novembro de 2025, vai além de um procedimento jurídico de rotina. Ele representa o epílogo judicial de uma complexa e fracassada aposta política internacionalizada. O julgamento, que se estende em plenário virtual até 25 de novembro, define se o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro se tornará réu pelo crime de coação no curso do processo.

A gravidade do caso foi selada pelo voto do relator, Ministro Alexandre de Moraes. Ao votar pelo recebimento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Moraes não deixou dúvidas sobre a conexão direta entre a acusação e as movimentações políticas de Eduardo Bolsonaro no exterior.

Segundo o ministro, a PGR descreveu detalhadamente as condutas, apresentando “relevantes indícios” de que o objetivo do deputado era “a criação de um ambiente institucional e social de instabilidade”. Este ambiente, segundo o voto, seria criado através da “articulação e obtenção de sanções do governo dos Estados Unidos da América” , incluindo a suspensão de vistos de ministros do STF e sanções econômicas contra o Brasil. O objetivo final, como apontado por Moraes, era claro: “coagir os Ministros do Supremo Tribunal Federal a decidir favoravelmente ao réu Jair Messias Bolsonaro na AP 2.668/DF [processo da tentativa de golpe]”.

Este julgamento ocorre em circunstâncias singulares. Eduardo Bolsonaro, que se licenciou do mandato e se mudou para os Estados Unidos em março de 2025, alegando “perseguição política” , está sendo julgado à revelia. Ele se recusou a constituir advogado e não manteve contato com o defensor público designado para o caso. A Defensoria Pública da União (DPU) assumiu a defesa por obrigação constitucional.

A ironia da situação é profunda: a própria estratégia política de Eduardo Bolsonaro, desenhada para subjugar o STF por meio de pressão externa, tornou-se a materialidade do crime pelo qual ele agora é julgado. Ele forneceu às autoridades brasileiras as provas de sua própria tentativa de coação.

Mais do que isso, sua recusa em participar do processo, optando por uma defesa à revelia, é uma admissão tática de que sua capacidade de articulação doméstica e jurídica se esgotou. Ele se transforma, na prática, em um fugitivo político, um ator que já não dispõe de capital para reverter a situação. Este esvaziamento judicial e político do principal herdeiro dinástico do “núcleo ideológico” do bolsonarismo não é um evento isolado. É o ponto de inflexão que neutraliza a ala familiar e cria um vácuo de poder que exige uma solução sucessória imediata.

A Aposta Americana: O Lobby da “Guerra Cultural” e o Efeito Bumerangue

A denúncia da PGR e o subsequente julgamento no STF são a colheita de meses de uma aposta política de alto risco. Durante meses, Eduardo Bolsonaro e o blogueiro Paulo Figueiredo operaram uma intensa campanha de lobby nos Estados Unidos, acreditando ser possível usar a “guerra cultural” e a aliança com o governo de Donald Trump para reverter o quadro jurídico-político no Brasil.

A aposta central era a aplicação da Lei Magnitsky, uma ferramenta de sanções dos EUA contra violadores de direitos humanos. Diálogos revelados pela Polícia Federal expõem a estratégia. Em uma troca de mensagens, Eduardo pede ao pai, Jair Bolsonaro, para “evitar dar entrevistas”, pois a aplicação da Lei Magnitsky contra o Ministro Alexandre de Moraes estava “muito muito próxima”; qualquer fala dissonante poderia “enterrar” a ação e levar Moraes a abrir “mais um inquérito” contra o ex-presidente.

Essa pressão resultou, de fato, em uma vitória pírrica. Em 22 de setembro de 2025, o governo dos EUA aplicou sanções baseadas na Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes, sua esposa e uma entidade jurídica ligada ao casal. Eduardo Bolsonaro comemorou publicamente, afirmando esperar “mais sanções” e ameaçando: “Cada um de vocês do regime vai cair”.

Neste ponto, a análise exige a apresentação do contra-argumento, conforme ditames do jornalismo internacional. A Defensoria Pública da União (DPU), em sua petição ao STF, pediu a rejeição da denúncia. O argumento central da DPU é que o crime de coação, definido como “usar de violência ou grave ameaça”, não foi configurado.

A defesa sustenta que as declarações de Eduardo Bolsonaro são exercício legítimo da liberdade de expressão e críticas ácidas ou contundentes. Subsequentemente, a DPU afirmou que “se o agente não tem poder de concretizar o mal anunciado, não há grave ameaça, mas mera opinião ou prognóstico sobre eventos futuros”.

A acusação da PGR e o voto de Moraes, no entanto, refutam exatamente este ponto. Eles argumentam que Eduardo Bolsonaro não era um mero opinador. Ele atuava como intermediador e articulador que, através de sua aliança com o governo Trump, tinha o poder de concretizar o mal anunciado.

Aqui reside a ironia causal da estratégia: a “vitória” de Eduardo Bolsonaro, a sanção efetivamente aplicada contra Moraes em setembro, foi sua derrota estratégica e jurídica. Em vez de coagir o ministro, a sanção serviu como a prova material de que havia grave ameaça, não apenas uma opinião, mas uma ação concreta em curso, consumando assim o crime de coação.

O fracasso da aposta foi total. O objetivo primário, intimidar o STF, falhou espetacularmente. O tribunal não recuou. Pelo contrário, em novembro de 2025, o STF rejeitou por unanimidade o recurso de Jair Bolsonaro no processo da trama golpista, mantendo sua condenação. O lobby nos EUA demonstrou um erro de cálculo fundamental do “núcleo ideológico”: eles superestimaram o impacto de sanções simbólicas estrangeiras e subestimaram a resiliência e a capacidade de retaliação legal do Judiciário brasileiro.

O Prejuízo Real: Como a Diplomacia Radical Fortaleceu o Adversário

A aposta fracassada de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos não gerou apenas consequências judiciais para si mesmo. Sua atuação produziu prejuízos tangíveis para a economia brasileira e, paradoxalmente, fortaleceu seus adversários políticos internos.

A faceta mais extrema desse lobby foi o apoio explícito de Eduardo Bolsonaro ao tarifaço de 50% imposto pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros, notadamente aço e alumínio. Em entrevistas, o deputado defendeu essa medida punitiva contra seu próprio país como um sacrifício necessário para combater o que ele rotulou de “ditadura de toga”.

Essa sobretaxa, no entanto, não foi um sacrifício simbólico. Ela afetou diretamente a indústria nacional, gerando uma crise que mobilizou entidades empresariais e uma delegação de senadores brasileiros. Estes foram forçados a viajar a Washington D.C. para tentar reverter os danos diplomáticos e econômicos causados pelo lobby do deputado. A atuação de Eduardo Bolsonaro foi amplamente vista em Brasília como um ato de “quinta-colunismo”, minando os interesses nacionais em favor de uma agenda ideológica pessoal.

Enquanto prejudicava a economia, a estratégia de Eduardo Bolsonaro fortalecia seu principal adversário. A ofensiva de Trump contra o STF, impulsionada pelo lobby bolsonarista, foi amplamente coberta pela imprensa internacional, incluindo The Washington Post e The New York Times.

A percepção unânime da mídia estrangeira foi que a manobra, vista como uma interferência grosseira na soberania brasileira, teve o efeito oposto ao desejado. A cobertura destacou que a ofensiva “fortaleceu o presidente brasileiro [Lula]” e acendeu um “alerta na diplomacia dos EUA”. Ao permitir que o governo Lula se posicionasse como o defensor da soberania nacional contra uma aliança Trump-Bolsonaro, a manobra de Eduardo Bolsonaro entregou ao seu adversário uma vitória política e diplomática incontestável.

Este foi o ponto de ruptura. O apoio ao tarifaço tornou Eduardo Bolsonaro tóxico para o núcleo pragmático da direita. O mercado financeiro, o agronegócio e o Centrão, que buscam estabilidade econômica e previsibilidade, não podiam mais tolerar um articulador que ativamente prejudica a economia por razões de “guerra cultural”.

O fracasso retumbante de Eduardo Bolsonaro validou a tese do “núcleo pragmático”: a guerra cultural é um passivo. O fortalecimento de Lula como resultado direto das ações do núcleo ideológico criou um senso de urgência. Com a ala familiar provando-se não apenas ineficaz, mas contraproducente, a necessidade de encontrar um candidato viável para 2026 tornou-se uma questão de sobrevivência política.

O Vácuo de Poder e a Batalha pela Herança

O colapso da estratégia internacional de Eduardo Bolsonaro, selado por seu iminente status de réu por coação, cria um vácuo de poder definitivo no comando da direita brasileira. Este vácuo intensifica a disputa pela herança política de Jair Bolsonaro, que está preste a ser condenado a mais de 27 anos de prisão, um espólio estimado entre 30% e 35% do eleitorado nacional.

Este cenário valida a tese central do conflito interno. O bolsonarismo está cindido em duas vertentes estratégicas divergentes:

  1. O Núcleo Ideológico (Família): Composto pela família Bolsonaro e seus assessores mais próximos, busca um herdeiro dinástico que garanta lealdade absoluta ao legado e à figura do ex-presidente. Com Eduardo Bolsonaro neutralizado judicialmente, o nome preferencial desta ala torna-se a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Ela se posiciona publicamente como a guardiã da “verdadeira direita”, afirmando que “Bolsonaro é quem escolhe o candidato” e que, na verdade, o próprio Jair Bolsonaro, mesmo inelegível e em prisão domiciliar, continua sendo a “única opção”.
  2. O Núcleo Pragmático (Gestores): Formado por líderes com alta aprovação em gestão, notadamente os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Ratinho Júnior (Paraná), além de setores do Centrão e do mercado financeiro. Pesquisas internas e públicas indicam que Tarcísio de Freitas é o nome mais competitivo, e talvez o único com potencial real para “derrotar um candidato do PT” em 2026.

A ascensão de Tarcísio causa um desconforto profundo no núcleo ideológico. O temor não é apenas a perda de controle, mas o ofuscamento da influência do próprio Jair Bolsonaro. Este medo é reforçado pelas ações do governador paulista, que ativamente se descola das pautas radicais que definiram a estratégia fracassada de Eduardo. As declarações de Tarcísio de que nunca foi “bolsonarista raiz” e que não pretende entrar em guerra ideológica e cultural são vistas pela ala familiar como o prenúncio de uma traição.

O julgamento de Eduardo Bolsonaro, no entanto, inverte a dinâmica de poder. Antes, Tarcísio precisava provar sua lealdade para ser considerado uma opção. Agora, com a falha catastrófica da ala ideológica, judicialmente, economicamente e politicamente, é o “núcleo ideológico” que precisa aceitar Tarcísio para não perder o controle sobre o capital político que resta.

A batalha interna transborda para o público nos ataques de Eduardo Bolsonaro a Tarcísio. Ao chamar o governador de “candidato do Moraes” e “candidato do sistema”, a ala ideológica tenta desesperadamente enquadrar o pragmatismo de Tarcísio como uma rendição ao “inimigo” (o STF). É uma narrativa que ignora que a estratégia de confronto direto, liderada por Eduardo, não apenas falhou, como fortaleceu o tribunal.

A Unificação Pragmática: A “Bênção” e a Contenção de Danos

O fracasso judicial, político e econômico da ala ideológica, culminando no julgamento de Eduardo Bolsonaro, força Jair Bolsonaro a um raro momento de pragmatismo. Para “evitar as traições e brigas internas pela busca da herança política”, o ex-presidente é compelido a sinalizar seu aval a Tarcísio de Freitas.

No entanto, esta bênção exige um quid pro quo. Tarcísio, ciente da profunda desconfiança da base “raiz”, realiza movimentos calculados para provar sua lealdade. Ele abraça o discurso tradicional do bolsonarismo em pautas que são cruciais para o núcleo familiar.

A principal delas é a promessa de reverter o destino judicial de Jair Bolsonaro. Tarcísio pivota a estratégia da direita. A tática de Eduardo era a coerção externa, que falhou. A nova estratégia, liderada por Tarcísio, é a captura institucional doméstica. O objetivo não é mais evitar as condenações do STF, mas vencer a presidência para anular as condenações. Tarcísio promete publicamente conceder um indulto a Jair Bolsonaro em seu primeiro ato e pressiona ativamente o Congresso por uma anistia ampla, geral e irrestrita para os demais envolvidos.

Ainda assim, a ascensão de Tarcísio é vista com ceticismo por alas da direita dissidente. Uma visão crítica é que o governador é apenas uma narrativa do mercado financeiro. O chamado “Tarcísio Trade” é a aposta do mercado em um candidato alinhado, mas que, segundo esses críticos, é um mero “executor, não um arquiteto”, incapaz de realizar reformas estruturais e refém do sistema político. Outra visão crítica aponta que Tarcísio “não é nada” sem Bolsonaro; é um “falso bolsonarista” que, para sobreviver, será eternamente “cobrado pela lealdade”, o que o impede de se mover para o centro.

Apesar dessas críticas e da resistência interna da família, a realidade judicial (Eduardo réu) e a viabilidade eleitoral (Tarcísio competitivo) se impõem. Jair Bolsonaro, mesmo preferindo Michelle ou temendo o “ofuscamento”, é forçado a agir para unificar o campo.

O ex-presidente passa a defender Tarcísio publicamente e um “acordo tácito” é formado. Para selar a paz, o PL e o Centrão articulam uma chapa de unificação, possivelmente Tarcísio-Michelle. Tarcísio, por sua vez, mantém a postura de gestor, afirmando que só decidirá sobre a candidatura em 2026, enquanto já opera com o apoio do Centrão e, crucialmente, com o aval pragmático de Jair Bolsonaro.O julgamento de Eduardo Bolsonaro no STF é, simbolicamente, o fim da tentativa do bolsonarismo de ser um movimento anti-establishment e de “guerra cultural”. A ascensão de Tarcísio, forçada pelo fracasso retumbante da ala ideológica, marca a institucionalização do bolsonarismo. Ele deixa de ser um movimento contra o “sistema” para se tornar a nova face do “núcleo pragmático” deste mesmo sistema. A “herança política” de Jair Bolsonaro é preservada, mas o herdeiro dinástico (Eduardo) foi substituído pelo pragmático (Tarcísio).

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