MBL Expulsa Vereador Sandro Filho e Traça Linha Ética em Contraste ao Bolsonarismo
O Movimento Brasil Livre (MBL), responsável pela criação da iniciativa Missão, anunciou nesta semana a expulsão definitiva do vereador de Salvador, Sandro Filho (o mais jovem eleito para a Câmara Municipal) após a conclusão de uma investigação interna conduzida por sua equipe de compliance.
A decisão, divulgada em nota oficial, marca uma postura de “tolerância zero” do movimento em relação a condutas consideradas antiéticas, em contraste com o que o grupo descreve como a leniência observada no bolsonarismo, especialmente no caso do senador Flávio Bolsonaro.
A Investigação Interna
A apuração interna foi aberta após “acusações recentes” envolvendo o nome do parlamentar. Segundo o comunicado oficial, embora não tenham sido encontradas “provas conclusivas de ilicitude”, foram identificados “indícios suficientes para justificar a medida adotada”.
A decisão se baseou em dois pontos principais:
- Gastos incompatíveis: a análise das movimentações financeiras de Sandro Filho indicou despesas consideradas desproporcionais em relação ao salário de R$ 20 mil recebido como vereador.
- Sociedade questionável: foi identificada uma empresa registrada em nome da esposa do parlamentar. O sócio seria João Paulo Andrade Lisboa de Britto, ex-chefe de gabinete de dois ex-vereadores atualmente investigados por supostos esquemas de “rachadinha” e compra de votos. Britto é apontado como um “possível operador” desses mecanismos.
Nota oficial do MBL: “Diante dos fatos e em observância aos valores éticos e morais que norteiam o MBL, foi deliberada a expulsão definitiva do vereador Sandro Filho.”

O Contraste: MBL x Bolsonarismo
A repercussão nas redes sociais foi imediata e polarizada. Críticos do MBL, tanto da esquerda quanto do campo bolsonarista, utilizaram o caso para atacar o movimento, enquanto apoiadores e lideranças, como Renan Santos, destacaram a decisão como exemplo de accountability e coerência ética.
O grupo buscou evidenciar um contraste direto com a postura do ex-presidente Jair Bolsonaro diante das acusações contra seu filho, o senador Flávio Bolsonaro.
- No caso MBL/Sandro Filho: ao identificar indícios de conduta inadequada, como gastos incompatíveis e vínculos com um suposto operador de “rachadinhas”, o movimento optou pela expulsão imediata, mesmo sem uma condenação judicial. A mensagem, segundo o MBL, é de que a simples suspeita de irregularidade já fere os princípios éticos internos.
- No caso Bolsonaro/Flávio Bolsonaro: diante de fortes evidências de um esquema de “rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, envolvendo depósitos suspeitos e o assessor Fabrício Queiroz, o então presidente reagiu com proteção ao filho. Houve acusações de interferência na Polícia Federal e no COAF, e o caso foi tratado pelo entorno bolsonarista como perseguição política, uma conduta oposta à de sanção interna defendida pelo MBL.
Com isso, o movimento utiliza o episódio como exemplo de diferenciação em relação aos populismos de direita e esquerda, sustentando que aplica seus padrões éticos “primeiro dentro de casa”.
A Defesa do Vereador
Em vídeo publicado nas redes sociais, Sandro Filho e sua esposa negaram as acusações. O casal afirmou que o salário de R$20 mil mensais é suficiente para cobrir suas despesas e contestou as alegações de “movimentações incompatíveis” apontadas pela investigação do MBL.
Contexto Político
A expulsão ocorre em um momento em que o MBL tenta consolidar uma imagem de independência política e distanciamento tanto do bolsonarismo quanto do lulismo. A medida é interpretada internamente como uma tentativa de reforçar o compromisso do grupo com padrões éticos mais rígidos e de reafirmar seu discurso de transparência e integridade pública.